Windsurf x Kitesurf

 

Ocorre com frequência de ouvirmos comentários de o quanto windsurf é melhor que kitesurf (ou vice-versa). Não é esta a intenção deste artigo. Na realidade ambos são excelentes maneiras de se divertir e praticar esportes na água.

Para uma melhor compreensão, o tema será dividido em tópicos. A idéia é responder da forma mais completa e abrangente possível. Vamos lá:

 

Transporte

Normalmente, um sarcófago com 01 prancha de windsurf e 03 velas (e periféricos), irá pesar algo em torno dos 30Kg. Isto sem falar nas dimensões que em caso de transporte aéreo, representam realmente um grande incomodo.

Kitesurfistas por outro lado terão a prancha em baixo do braço e uma ou duas mochilas com os kites nos ombros. Se preferir, pode transportar tudo num sarcófago mais ou menos do tamanho de um material de golfe. Alguém tem duvida qual o material pior para transportar?

 

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Custo do equipamento

O equipamento completo de ambos esportes, custa aproximadamente o mesmo. Quando novos, ambos podem estar num range de EUR 1.000,00 a 2.500,00 (no exterior). E usados em bom estado, algo em torno dos EUR 500,00 a 800,00. A diferença vem na vida útil de cada equipo. Em geral, o equipo de windsurf possui vida útil mais longa. O kite (especialmente as linhas) necessitam ser trocadas a cada 3 anos, enquanto uma vela de wind pode facilmente atingir 5 a 6 anos se for bem mantida e cuidada (não deixando o rig ao sol mais que o necessário, guardando limpo e seco, etc…).

Comprar material usado de kite requer mais cuidados e conhecimento, pois as linhas precisam ser cuidadosamente checadas, e a bexiga testada para garantir que não existam vazamentos. No windsurf é fácil avaliar o estado de uma prancha ou vela. O material de kitesurf é mais frágil que o de wind. Desgastes e rasgos são mais frequentes, especialmente porque no kite o material é menos espesso e mais frágil (questão de peso).

 

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Aprendizagem

A curva de aprendizagem para estes dois esportes é muito diferente. No kitesurf, você irá gastar algumas horas na praia para aprender a controlar o kite, em seguida algumas aulas de body drag (ser arrastado com controle pelo kite sem a prancha) na água, e em seguida partir para a prancha. Estamos falando de algo em torno de 9 horas, que é ponto a partir do qual você pode seguir praticando sem supervisão.

Para o windsurf é diferente. O correto é iniciar com uma rápida aula teórica para explicar o funcionamento do vento na vela e como controlar para fazer andar e nas curvas (jibe e cambada). Em seguida, já na agua, após 2 a 3 horas em aguas calmas e 4 a 5 horas em ondas, os aprendizes já podem brincar de ir e voltar sozinhos.

Entretanto, a partir deste ponto vem uma grande diferença. Um velejador de kite, após aprox. 20 horas, estará velejando com técnicas e velocidade semelhantes ao seu desempenho após 2 anos. O windsurf porém tem uma curva de aprendizado mais gradual e constante durante a linha de tempo.

Normalmente as pessoas impacientes optam pelo kite justamente por não terem a paciência necessária para aprender o windsurf.

 

 

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Condicionamento físico

Kitesurf é menos exigente. Não há como negar. Os quadríceps fazem algum esforço, mas é tudo. Os praticantes de windsurf serão mais desafiados no ponto de vista físico, e verão os resultados positivos a cada sessão, conforme o corpo se adapta às novas exigências.

Neste ponto gostaria de deixar depoimento pessoal: Conversando com amigos velejadores de Floripa, no caso ex-praticantes de windsurf que migraram para o kite, o comentário é: É um esporte (kite) porreta. Quando praticado nas ondas pode gerar muita adrenalina, assim como o windsurf. É mais pratico no transporte, mas segundo eles, todo o condicionamento físico que possuíam na época do wind, praticamente perderam no kite.

 

Independencia

Hoje em dia, com os modernos kites permitindo decolagem e pouso sem ajuda, é necessário um bom grau de experiencia e técnica para proceder sozinho. Isto porque um procedimento mau realizado pode terminar muito mal.

Normalmente, é recomendável existir uma segunda pessoa na praia para auxiliar na decolagem e pouso do kite. O problema é que é difícil e perigoso ajudar a lançar um kite estando com o seu próprio kite em uso. Então, para 02 colegas kitesurfistas saírem para velejar juntos, quase que se obrigam a levar uma terceira pessoa…

No windsurf não ocorre pois você é bastante independente neste aspecto.

Dito isto, independente da escolha do esporte, é sempre interessante e recomendável velejar em locais frequentados por outros esportistas, para em caso de eventual necessidade, haver alguém que possa estender uma mão.

 

Locais para velejar

Existem dois tipos de locais exclusivos para um esporte ou para o outro. O primeiro é águas rasas. No windsurf, o estrago pode ser grande se você estiver planado em velocidade e sua quilha tocar forte no fundo. O resultado pode ser uma magnifica catapulta, com possíveis danos à prancha e talvez à vela. No kite não existe este problema pois você simplesmente desliza na superfície com pouca profundidade necessária de quilha.

Por outro lado, se o point de velejo possuir na praia ou mesmo sobre a água, cabos elétricos, ou grandes estruturas como postes de iluminação, arvores, etc…, se torna complicado e perigoso o velejo com kite, pois as linhas podem enroscar nos mesmos. Windsurf apresenta menos problemas para estes inconvenientes, pois a única preocupação é no espaço próximo ao equipo, praticamente determinado num circulo com raio igual à altura do rig.

 

Segurança

É aqui que os esportes apresentam as maiores discrepâncias. Desde que o kitesurf surgiu como esporte, podem ser vistos inúmeros acidentes. Uma provável explicação, é que justamente pela velocidade e facilidade de aprendizagem (além de ser o esporte da moda), muitas pessoas que não estão física e psicologicamente preparadas para um esporte extremo como o kitesurf, iniciam no mesmo. O ponto é que enquanto nada de errado ocorre, é divertido e encorajador. Quem não curte o vento no rosto e a velocidade durante o planeio? O ponto é quando algo anormal ocorre. Nestes casos, as coisas podem sair do controle rapidamente, levando a danos e ferimentos com facilidade.

No caso de iniciantes (já planando), pela falta de experiencia, quando as coisas vão errado, eles não sabem como reagir e estão incapacitados para reduzir as consequências. E o ponto é que as consequências nem sempre se restringem apenas ao kitesurfista, mas sim a um raio de aprox. 200 metros downwind (arribado) do mesmo. Windsurfistas por outro lado tem apenas algo em torno de 5 metros para se preocuparem, ou 20 m se estiverem saltando.

Também a severidade dos acidentes com kite é maior e mais frequente.

Claro que se escuta falar de windsurfistas com ombros deslocados, pernas raladas ou até quebradas, mas são casos bastante esporádicos. Normalmente tendem a ocorrer na água e necessitam de resgate, mas ainda assim existe a opção de subir na prancha para flutuação, se tornar mais visível e evitar a perda de calor corporal.

 

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Conclusões

De um ponto de vista bastante objetivo, kitesurf oferece mais vantagens frente ao windsurf, exceto quando falamos em segurança. E neste ponto perde feio.

E tampouco pode-se dizer que este ponto de periculosidade será facilmente eliminado do esporte, sendo parte inerente do kite. As longas, perigosas e frágeis linhas do kite, combinadas com a enorme energia que pode ser gerada pela superfície do kite sempre representarão um risco, independente dos desenvolvimentos dos materiais. Esta é a razão pela qual o kitesurf é considerado um esporte extremo.

Combine a isto o fato de ser fácil de aprender e exigir um mínimo preparo físico, e você terá uma perigosa combinação. Pessoas inaptas para esportes extremos poderão iniciar com esportes extremos. E o pior é que estas pessoas normalmente não estão conscientes dos riscos a que estão expondo a si mesmos e a outros.

Não estamos de nenhuma forma tentando fazer propaganda contra o kitesurf. A ideia é apenas enfatizar os riscos e de alguma forma alertar e conscientizar os novos praticantes para os mesmos.

A maior parte dos acidentes com kite ocorre em função de decisões incorretas e velejo irresponsável. Ex.: Sair em ventos offshore (terrais) inconstantes, ou manobras próximas à praia ou em locais com banhistas, etc…

Como sensação, kitesurf é um esporte muito divertido. Normalmente velejadores que praticam os dois, partem para o kite em dias de vento fraco e para o windsurf em dias de vento forte.

 

Novamente opinião pessoal. Conversando com diversos amigos, o consenso é um só. Existe espaço pros dois e ainda muito mais. Na realidade como bem dito no texto, um complementa o outro, e no caso específico de Brasil, talvez além de complementar, garante também a sobrevivência um do outro. Vamos falar em guarderias. Só da venda de material novo é difícil sobreviver. Apesar de o kitesurf ser o esporte da moda, é praticamente da locação do espaço para o windsurf que provém grande parte dos rendimentos. E se não fosse o kite, provavelmente o wind já teria hoje sucumbido no esquecimento. Então, vamos todos à água, sempre respeitando uns aos outros e curtindo ao máximo tudo que estes esportes fantásticos nos proporcionam.

 

Fonte: http://howtowindsurf101.com/windsurfing-vs-kitesurfing/

 

Bons ventos a todos,

 

Carlos Jürgens

  

 

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