Técnica para orçar
Durante a Rio/16, nas competições da classe RS:X, pela primeira vez me dei conta do detalhe de alguns velejadores segurando no puxão com a mão da frente ao invés de segurar na retranca.
Fiquei curioso, e no velejo do feriado de 7 de setembro, resolvi experimentar. Por falar nisso, que velejo: Mar liso, vento terral do quadrante Oeste a Sudoeste, muito rajado, mas forte como a tempos não se via aqui no litoral norte de SC (Piçarras).
Voltando ao assunto: Funciona! Com este vento terral, a maior preocupação do velejador é manter o conjunto orçando, pois um descuido pode acabar com você na África, rsrsrs…
Senti que soltando a mão da frente da retranca e segurando no puxão, aparentemente a poder de orça aumenta significativamente. A prancha apontava muito mais contra o vento que na posição normal.
E é uma posição cômoda (com vento mais constante), pois segurando próximo ao centro do puxão, você na realidade não faz força segurando o cabo, mas sim distribui a força quase que igualmente para as duas metades do puxão.
Quais as desvantagens? Em pouco tempo o elástico do puxão deve ir pro espaço, e o que vai sobrar é um puxão todo solto e que no velejo normal irá atrapalhar.
E o que realmente me incomodou foi o spin out. Com o vento rajado que soprava, me encontrei com frequência sobre-velado. Com esta nova posição, percebi que aumentava a pressão na quilha (e para orçar isto é logico), e com frequência entrava em spin out. Então, se alguém quiser testar a técnica, tenha certeza de estar bem calçado de quilha (ou tenha mais técnica e conhecimento que eu, rsrsrs…).
Mas, existe explicação para isto? Qual a teoria que se aplica?
Pesquisei um pouco e não encontrei muita coisa. Basicamente algumas opiniões em fóruns de discussão que basicamente bateram com algumas conclusões pessoais.
– O velejador segurando no puxão, irá afastar seu corpo do rig, melhorando o fluxo de ar pela vela e permitindo um melhor funcionamento do princípio aerodinâmico que rege o funcionamento das velas modernas (excluído o balão).
– Em matérias anteriores já foi discutido que quanto mais na vertical estiver a vela, melhor seu funcionamento. Ao segurar no puxão, o corpo do velejador se afasta do rig, aumentando o ângulo de equilíbrio entre corpo x rig, e permitindo a vela mais na vertical.
– Ao afastar o corpo do rig, os braços trabalham mais esticados. Com isto se entende que o corpo do velejador fique em posição mais deitada, criando menos resistência à passagem do ar.
– Afastando o corpo do rig, como dito aumenta a pressão na quilha, melhorando seu poder de “Lift” e ao mesmo tempo retirando peso de cima da prancha.
– Com o afastamento do rig, o braço sai da frente do corpo (na altura do peito) e é criada uma superfície inclinada (no tórax do velejador), meio que afunilando o ar contra a vela, melhorando ainda mais o fluxo de ar pela mesma.
Apesar de visto na RS:X, acredito que esta técnica possa ser aplicada a qualquer tipo de equipamento (durante o planeio). Eu testei (peso 79Kg) com equipamento de freeride, prancha de 116 litros, quilha 460, vela 7.5 (2 cambers) e o vento pela avaliação da galera, chegou no momento de maior aperto, aos 25 nós na rajada.
Se alguém com experiência quiser deixar sua opinião para enriquecer a matéria, será muito bem-vinda.
Bons ventos a todos,
Carlos Jürgens
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