Desmistificando Jeri

 

A umas 07 semanas atrás foi publicada uma matéria “Picos de Wind – Jericoacoara/CE”, muito bem escrita pelo colega velejador Guilherme Loponte. Estive recentemente lá e assino em baixo de tudo que ele escreveu.

 

Entretanto, existe um mito associado ao nome Jericoacoara, que por muito tempo me “assombrou”. Ao retornar da viagem, fui diversas vezes perguntado sobre o assunto, e então resolvi escrever esta matéria.

Eu me autoconsidero atualmente um velejador de nível intermediário partindo para avançado. Nestes quase 8 anos de windsurf, por muitas vezes ouvi falar e até fui convidado a participar de trips a Jericoacoara, porém sempre neguei os convites por ainda me considerar muito “prego” e sem experiência para tal. Meu objetivo sempre foi dominar o jibe para então me aventurar na experiência Jeri.

Não vou dizer que estava de todo errado, pois nesta viagem foram 8 dias de velejo com media diária de 3:00h de velejo e posso dizer que com muito bom aproveitamento. Velas 3.6 a 5.3 e menor prancha 92 litros. Antes da viagem, foram inúmeras as historias que ouvi de resgates e caminhadas intermináveis pela beira do mar partindo das dunas até retornar ao ponto de velejo. Nada disto ocorreu com nenhum dos 5 velejadores do nosso grupo (Caio, Claudio, Valdez, Stefan e eu). Primeiro bordo, retorno direto ao ponto de partida! Vale a pena estar preparado para uma aventura deste tipo.

 

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Que fique claro porém, dominar o jibe com prancha grande, vela media e água lisa é muito diferente de prancha pequena, vela tipo chaveirinho (no meu caso de 3.6 a 4.5) e água agitada de mar aberto. De minha parte, com todo o processo de adaptação ao material e condições de velejo, posso dizer que meu aproveitamento nos jibes foi inferior a 50%.
O que então é importante para velejar em Jeri? Por razões obvias, dominar o velejo planado em águas relativamente agitadas (com uso das alças e trapézio) e um bom waterstart. Mas e o jibe? Ok, você pode tentar. Principalmente na volta, onde a água é menos agitada, deve ser tentado. Mas lá no fundão após o primeiro bordo, se for de sua vontade, você pode até mesmo diminuir a velocidade e simplesmente soltar a vela, deitando a mesma na água e em consequência já deixando-a posicionada para o waterstart de regresso. Basta girar o conjunto 180º na água. Ou melhor, o próprio vento acaba fazendo este giro naturalmente. Daí a importância do waterstart.

 

 

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Ok. Voce tem medo de passar uma noite interia agarrado a uma boia de sinalização marítima ou ser arrastado até o Caribe como algumas das historias que se ouve do local? Deve ser dito que o Club Ventos de Jericoacoara possui uma excelente estrutura de resgate e uma equipe muito competente e altamente treinada. Possuem um vigia na descida da rampa, que além de monitorar o mar, registra seu numero pessoal, prancha e vela, facilitando assim o controle. Além disto, possuem uma torre de observação na ponta de terra mais extrema da costa, e um barco de apoio permanentemente na água (até as 17:00h). Todos se comunicando via radio, e numa eventual necessidade, prontos a socorrer você.

 

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DICA: No caso de necessidade, sente na prancha e sinalize balançando os braços.

Velejadores que não estão cadastrados e utilizando material do Club Ventos também podem e devem ser socorridos. Porém neste caso existe uma pequena taxa que será cobrada do velejador.

Voce ainda é iniciante? Existem diversos serviços de locação e escola de windsurf nas areias de Jeri, principalmente no período da manhã onde o vento não é tão forte e entram menos ondulações. O próprio Club Ventos possui material para iniciantes com pranchas de grande volume e até mesmo com bolina retrátil central.

Se você estiver aprendendo, veleje um pouco mais abaixo, fora da raia principal dos mais experientes. Ao invés de velejar para mar afora, veleje para dentro da pequena enseada em direção às dunas. Não consegue mais voltar? Caminhe pela beira da água trazendo consigo o material. Não é tão longe como dizem as historias do local. Enfim, Jericoacoara é diversão e garantia de bons ventos para todos.

 

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E quando digo todos, é todos mesmo. Eu sempre imaginei Jeri como um lugar exclusivamente para windsurf. Grande engano. Diria que nem 5% dos visitantes locais estão lá por causa do esporte. No local existem excelentes passeios de Buggy, como lagoas Azul e Paraíso, Tatajuba, Prea, etc… A pedra furada, cartão postal do Ceará é em Jericoacoara a aprox. 40 min a pé da vila. Jericoacoara pelo fato de ser parque de preservação natural, não possui nenhuma rua pavimentada. Tudo areia. E diga-se de passagem – uma areia muito seca e fina que não fica presa no chinelo (calçado oficial do local). Não existem postes de energia elétrica nem iluminação publica. A iluminação vem toda das diversas lojinhas e restaurantes locais conferindo uma atmosfera fantástica à sua noite.

 

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Muita musica ao vivo, alegria e opções de compras, alimentação e laser é o que você irá encontrar em Jeri.

Todo o fornecimento de energia elétrica, água e esgoto é subterrâneo. Não vi um único córrego de esgoto desembocando no mar. Povo muito educado e pronto para atende-lo em suas necessidades.

 

Complementando a matéria do Guilherme, gostaria de acrescentar: Leve uma quantia razoável de dinheiro, pois como não existem bancos no local, é cobrada uma taxa de 10% nos comércios locais que se propõe a trocar $$$ no cartão de debito. Cartões são aceitos por quase todos os comércios locais. De qualquer maneira, pergunte antes.

Na ida, ao invés de comer uma fruta ou lanche que você tenha levado, inicie bem a viagem comendo uma tapioca na parada obrigatória que todos os fretes a Jeri fazem, perto da metade do trajeto. Existe a opção do ônibus com valor aproximadamente pela metade em relação aos transfer por pessoa. E a parte final do ônibus, viajando numa jardineira 4×4 sobre as dunas é algo imperdível.

 

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Não deixe de acompanhar o por do sol no mar. Todos os dias o visual muda e um mais bonito que o outro.

Vila Kalango é uma das pousadas top do local. Existem inúmeras opções em Jeri, e com preços muito mais atrativos e reduzidos sem perder em qualidade de serviços. Mas visitamos a Kalango. É fabulosa. Nós ficamos na Pousda do Mauricio. Muito boa, na rua principal em frente à pracinha e a todo o agito da noite.

Existem inúmeras opções de locação de equipamento no local, mas o Club Ventos é a dominante. O serviço é top e os preços são muito razoáveis e competitivos.

 

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Em tempo: Eu velejei direto com colete flutuador e trapézio de cadeirinha, que funcionou 100%. Regulava sempre as alças do kit trapézio com aprox. 30cm, o que me disseram foi importantíssimo para conseguir fazer as velas 3.6 e 3.7 funcionarem.

 

Aos que ainda não tiveram oportunidade de ver, segue o link para o vídeo da trip a Jeri. Muito windsurf visto a partir de diferentes ângulos e excelentes momentos de relax e companheirismo: https://www.youtube.com/watch?v=0BW32M7E1ko.

 

Bons ventos a todos,

 

Carlos Jürgens

  

 

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