Remando com o windsurf
Entre os muitos integrantes de nosso grupo de WhatsApp Windville, temos o Marco de Curitiba, que nos passou recentemente uma série de dicas interessantes, sobre como remar numa prancha de windsurf com o rig ainda montado. Caso acabe o vento, o que você faria? A matéria a seguir é um misto de material retirado da internet e conhecimento de beira de praia discutido no grupo. Valeu Marco pela colaboração.
Estar no velejo e acabar o vento pode acontecer a qualquer um. E retornar à margem com o equipo pode ser exaustivo e entediante, isto sem falar em potencialmente perigoso, caso você não souber o que e como fazer para retornar. A seguir a explicação das técnicas, mas iniciando por duas dicas importantíssimas:
- Nunca abandone seu equipamento! Seu equipo é o único dispositivo de flutuação que você possui. Caso você se canse, pode ser usado para segurar ou mesmo deitar sobre, e garantir a cabeça fora da água em caso de ondas grandes. Além disto, oferece maior visibilidade em caso de ser acionado resgate. É muito mais fácil visualizar uma prancha e uma vela (muito provavelmente colorida) do que um corpo metade submerso na água…
- Nade perpendicular à corrente! Obviamente ninguém quer ficar à mercê da corrente e acabar sei lá onde. Entretanto, seguramente não será possível nadar contra a corrente (ou vento, leia-se). Então o que fazer? Nadar perpendicular. Se nadarmos 90º em relação à corrente, com certeza seremos também arrastados para baixo (a favor do vento ou correnteza), mas se seguirmos nadando, em algum momento e lugar, acabaremos chegando à margem. É o mesmo princípio de tentar sair de um larga-mar na praia. Sempre nadar perpendicular à correnteza.
Equipamento com prancha grande (iniciante)
Bombar a vela: O ideal neste método é que exista ao menos uma pequena brisa para auxiliar no equilíbrio. Use a vela como um imenso remo no ar, para se mover à frente com todo o conjunto. Consiste em basicamente gerar seu próprio vento. Sendo a prancha de grande volume e permitindo ao velejador e rig permanecer de pé, segurando pela retranca deite a vela à frente, abra a vela e com movimento forte, bombe a vela em sua direção e com os pés faça um movimento de “empurrar” a prancha. Atenção, este movimento irá gerar um movimento da prancha à frente e deve-se cuidar para não perder o equilíbrio e cair. Já feche a vela novamente, para que a mesma fique em linha com a prancha, evitando que a mesma vela aberta que gerou o movimento não funcione agora como freio. Mova novamente o conjunto à frente, abra a vela e puxe forte novamente repetindo a ação tantas vezes quantas necessárias para retornar à margem. É cansativo, mas funciona, posso garantir pois já utilizei a técnica.
Vela deitada para trás: Este método só funciona se não houver realmente vento, pois uma ligeira brisa pode erguer a vela e tombá-la novamente na água, fazendo todo o trabalho de posicionar a vela sobre a prancha ser perdido. Posicione a vela sobre a rabeta da prancha. A retranca deve estar apoiada na prancha (se necessário, abaixe a retranca). Encontre um bom ponto de equilíbrio, de maneira que deitado sobre a metade anterior da prancha (pés sobre a vela), você tenha condições de com os braços remar em direção à praia. Muito importante é que o rig não toque na água, para não gerar resistência.
No grupo foi comentado que no caso de haver um pouco de vento, a ideia é posicionar o mastro para o lado do vento (da mesma maneira que se transporta um rig montado na praia), pois caso contrário, o vento com certeza irá levantar o conjunto e jogá-lo na água.
Uma boa imagem vale mais que 1.000 palavras:
Imagem cortesia de http://www.nationalcentrecumbrae.org.uk/
O link a seguir dá uma rápida ideia do método sendo aplicado: https://www.youtube.com/watch?v=UV7Mu4X51xU
Neste outro vídeo, é possível visualizar uma variação com a vela à frente, mas atenção. Neste caso não deverá existir vento algum: https://www.youtube.com/watch?v=hr821NRc-F0
Pranchas de pouco volume (que afundam)
Ficar sem vento numa prancha de pequeno volume, definitivamente é uma das piores coisas que podem ocorrer no seu velejo. Mesmo sem vento, correnteza e força de maré continuam agindo e arrastando você, o que pode se configurar num grande problema caso o destino seja alto mar.
Posição de Waterstart: Dificilmente o vento desaparece total de uma hora para outra, significando dizer que ainda haverá um pouco de vento capaz de manter a vela fora da água. Na posição de waterstart, a melhor opção é segurar a retranca, mantendo a vela no alto com uma das mãos, e com a outra, segurar as alças traseiras da prancha e mantendo o corpo esticado para trás, o mais horizontal possível para diminuir a resistência da água. Esta posição resultará numa progressão lenta, porém positiva em relação ao retorno à margem. Outra opção é manter a vela fora da água com ambas mãos e apoiar os pés sobre a prancha, caso você sinta mais conforto desta maneira. Vai depender de sua preferência.
A vantagem em manter a vela no alto com ambas mãos e os pés na prancha, é que se de repente entrar uma rajada ou o vento aumentar, você já estará preparado para o waterstart e poderá aproveitar o momento para uma melhor progressão já de pé. A desvantagem é que com pouco vento, esta posição oferece maior resistência ao deslocamento na água.
Caso o vento acabe totalmente, existe uma opção que é deitar a vela sobre a prancha (semelhante ao método descrito acima) com a tope para trás e tentando manter o conjunto o mais para fora da agua quanto possível. Entrando na água e se posicionando ao lado do centro da prancha, segure o rig pelo mastro a aproximadamente 30cm da base e comece a nadar pra margem.
Fonte: http://howtowindsurf101.com/how-to-get-back-if-the-wind-drops/
Ainda no grupo de WhatsApp, o Marco informou os nomes dos métodos. O método descrito nesta matéria com a vela deitada para trás, foi chamado de Borboleta. Se olharmos na foto da matéria realmente tem-se esta impressão e acho que o nome cai bem.
Outro método conhecido é o Tartaruga, no qual o rig deve ser desconectado da prancha. A vela vai posicionada um pouco mais à frente que o método anterior, e o velejador deita sobre a prancha por baixo do rig, de maneira a se posicionar entre a retranca e a vela. Acredito que este método se aplique em casos de quebra de pé de mastro e sem vento. Com o corpo posicionado entre a retranca e a vela, fica pratico remar como numa prancha de surf e ao mesmo tempo manter o rig em posição fora da água e sem risco de extravio. Lógico que tudo irá depender do tamanho de seu rig e principalmente de sua prancha.
Não encontrei nenhuma imagem na internet que exemplificasse o método, mas é fácil imaginar a vela por cima do velejador imitando um casco de tartaruga.
E finalmente, Desmontar todo o rig: É desgastante e existe o risco de perder peças ou partes do equipo. Com ondulação forte é mais complicado ainda. A sugestão é fixar a extensão na retranca, no lugar do mastro, com o Pé de mastro conectado na extensão. Tanto a vela como o mastro podem afundar rápido quando desconectados um do outro, por isto todo cuidado é pouco. Cordas da extensão, da retranca e puxão servem para amarrar o material sobre a prancha. Uma boa dica é aproveitar os dias de pouco vento e treinar em local raso e águas claras.
O vídeo a seguir mostra uma boa maneira de nadar (com prancha pequena) com o material totalmente desmontado e acomodado sobre a prancha: https://www.youtube.com/watch?v=4fj14gAlP04
Após a matéria já ter sido publicada, o Marco me enviou este outro link: https://vimeo.com/234383599.
Muito interessante pois ensina a desmontar tudo mantendo os itens amarrados ou presos à prancha (para evitar perdas), além disto, a extensão permanece fixada ao pé de mastro na prancha, servindo assim como base pra fixar todo o restante do material.
E muito, muito importante: Velejar sempre que possível com alguém sabendo onde você está ou de olho em você, bem como com colete de flutuação. Protege de impacto em caso de quedas, ajuda na flutuação para o waterstart, pode vir a ajudar em casos de ter que desmontar tudo dentro da água e nadar de volta, e mais importante de tudo: Em caso de algum eventual acidente grave no qual o velejador vier a ficar inconsciente, manterá a cabeça dele para fora da água.
Bons ventos e remadas a todos,
Carlos Jürgens
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