Como muitos amigos que foram visitar o parque da Ocean Race em Itajaí também não deixei de ir para dar uma olhadinha de perto, afinal de contas uma oportunidade desta pra quem gosta da vela não aparece a toda hora assim tão perto de casa. Impossível também para quem gosta da vela é ficar ali parado a poucos metros dos barcos suspensos, praticamente sobre a cabeça dos visitantes e não ficar viajando nas coisas: Como seria poder realmente fazer parte de uma equipe, qual seria a minha função, ajudar nos reparos, poder enfrentar uma travessia com todas as dificuldades, ver um mostro deste a plena vela, com certeza é uma experiência para poucos.

 

Voltando a realidade também fique pensando sobre toda evolução de equipamento que equipa um barco deste tipo e não pude deixar de pensar em nossos equipamentos de Windsurf. É sabido que o Windsurf é reconhecido como um dos esportes a vela que mais evoluiu desde a sua criação, podemos ver isto facilmente a toda hora, sempre tem novos lançamentos no mercado, aplicação de novos materiais, tramas para dar mais resistências e leveza aos cascos, mastros cada vez mais resistentes, flexíveis, finos e leves, material e desenhos de velas para cada vez mais controle e velocidade, desenhos de prancha/fundo/borda/dimensões. Impossível também é não pensar que nosso querido esporte não tenha emprestado algo de sua evolução para estes monstros ali içados.

 

Uma das coisas que faz tempo que me chama a atenção é o formato do fundo do casco, principalmente da bolina para a popa que é praticamente plana, lembrando muito uma prancha de wind que tem esta característica para planar, muito diferente da maioria dos veleiros com casco em V que fazem muita força para vencer a necessidade de deslocar água em seu avanço. Os barcos também tem quilhas laterais que servem para deixar o barco o menos adernado possível ampliando a área de planeio lembrando muito o velejar de uma prancha de windsurf.

 

Saber quem emprestou tecnologia a quem não é a principal questão, o importante saber usar e tirar o máximo de prazer de toda esta tecnologia que nos é oferecida.

 

BV a todos

Caio

Os barcos da Volvo Ocean Race

Os barcos que participam da Volvo Ocean Race são os chamados VO 70. Estas embarcações entraram para ficar na edição de 2005/06. Até então os veleiros utilizados eram os VO 60. Os barcos atuais, apesar de terem 2 metros a mais do que os da geração anterior, são cerca de 1.000 kg mais leves.

A área da vela (área vélica) também aumentou em 60% e o mastro ficou 4 m mais alto. Mudou também a quilha, que passou a ser basculante, o que proporciona maior estabilidade ao barco ao mesmo tempo em que diminui o seu peso total e aumenta a velocidade. Ser basculante significa que ela pode ser movida lateralmente, em ângulos de até 40 graus. Dessa maneira o vento precisa ser muito mais forte para conseguir adernar o barco. Até então, as quilhas utilizadas eram fixas.

 

As mudanças no barco proporcionaram, entre outras coisas, uma diminuição no tempo de duração da regata. Com as novas medidas, os barcos são capazes de terminar a volta ao mundo 20 dias antes do que acontecia em edições anteriores.

Cada barco leva 120 litros de combustível para serem usados apenas em casos de emergência ou para manobrar o barco nos portos. Durante a competição, porém, os motores de todos os barcos são lacrados pelos organizadores. Todos os barcos possuem  ainda 230 litros de combustível usados para acionar um gerador para o funcionamento de instrumentos, sistemas de navegação, comunicação entre outros. As hélices das embarcações que são ligadas ao motor são retráteis.

 

No total, cada equipe pode levar 24 velas, sendo que apenas11 podem ser usadas durante cada etapa (além de quatro velas específicas para serem usadas em temporais). Normalmente os barcos velejam com duas velas, a principal e a de proa, que pode ser uma genoa ou uma vela balão (a vela balão pode chegar a ter 500 m2).


Os VO 70 são feitos de fibra de carbono em vez de madeira, o que garante maior leveza à embarcação. Dando uma rápida olhada nos barcos, todos parecem iguais, mas não é isso o que acontece. Na verdade os VO 70 pertencem à mesma classe de barcos, o que necessariamente lhes impõem algumas regras, mas não os tornam iguais. Dois itens são deixados completamente livres e podem fazer toda a diferença na hora da regata: a largura e o formato do casco.

Essa diferença no projeto entre um e outro barco é o que os torna mais ou menos velozes. Além disso, a velocidade também depende da vela utilizada na hora certa e o tempo de reação de cada tripulação para agir em determinada situação. Os VO 70 são projetados para velejar a 35 nós, mas muitas vezes eles superam até mesmo a velocidade do vento. Tudo isso porque a tecnologia de ponta empregada nos barcos permite a eles aproveitarem não só o vento como também a força das ondas e a inércia gerada.

Depois de construídos, é hora dos testes. Nenhum barco participa da Volvo Ocean Race sem antes ter passado por um teste de velejo de 2 mil milhas náuticas necessariamente percorridas antes de 28 dias do início da prova. Se o barco então apresentar algum problema, ainda há tempo de fazer os reparos necessários. Já durante as etapas os barcos podem atracar em um porto para pequenos reparos. Se o estrago for grande, muitas vezes é necessário desistir de uma etapa para terminar o reparo e voltar apenas na etapa seguinte. É claro que, nesse caso, o barco acaba deixando de ganhar a pontuação da etapa em questão. Já em movimento também é possível fazer pequenos consertos como costurar alguma vela que rasgou ou ainda acertar a posição da quilha.

O maior problema de todos esses “reparos” é que os barcos acabam ganhando um “peso extra”. A regra diz que o barco não pode exceder as 14 toneladas e os organizadores avaliam o peso de cada embarcação durante as paradas. Além disso, barco mais pesado é, consequentemente, mais lento. E com o passar do tempo, muitos deles acumulam água. Durante as paradas é hora de dar aquela “enxugada” nos barcos, procurando cada local que possa estar acumulando os indesejáveis “quilinhos a mais”.

As velas do VO 70

– Mestra (vela principal)
– Genoa (vela de proa usada no contravento)
– Storm trysails e storm jibs ( velas de proa usadas em ventos muito fortes ou como estabilizadoras no vento em popa)
– Reaching headsails (vela genoa específica para ser usada durante contravento folgado)
– Balão (usada para ventos em popa e través)

No interior dos VO 70

Muita tecnologia também está presente no interior dos barcos que disputam a VO 70. No início da regata, cada barco recebe dez câmeras fixas. A tripulação deve gravar, obrigatoriamente, 20 minutos de suas atividades por semana. Outros equipamentos, porém, são obrigatórios e voltados para a segurança da tripulação, como:

•    âncoras e cabos com 80 m de comprimento;
•    instruções de como desvirar o barco;
•    cartas náuticas;
•    bússolas•    duas máquinas de purificação de água salgada;
•    50 litros de
água de emergência;
•    três extintores de incêndio;
•    buzina de neblina/lanternas;
•    combustível de emergência;
•    roupa de emergência (cor laranja):
•    GPS•    cabo para cinto de segurança ao longo do convés;
•    facas para cada tripulante;
•    botes salva-vidas com manual;
•    
radar;
•    refletor de radar;
•    sextante (instrumento utilizado para medir ângulos geográficos ou astronômicos);
•    velas de temporal;
•    coletes salva-vidas;
•    cinto de segurança;
•    roupa de sobrevivência.

Obs.: Disponibilizamos mais algumas fotos sobre a Volvo Ocean Race na Galeria de Fotos de nosso site.

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