Esta é uma pergunta que com freqüência as pessoas me fazem. A cada explicação, as que me escutam sentem pelo meu entusiasmo nas palavras, que o esporte é muito mais do que aparenta. Se nas linhas abaixo eu conseguir chegar à metade do que realmente é, pode ser que eu convença mais algum dos leitores a iniciar no Windsurf.

Durante toda minha vida fui adepto a esportes radicais. Já fiz rafting, rapel, caiaque, patins, skate (inclusive em rampa), já esquiei na neve, andava muito bem de sonrisal (aquele disco de madeira que se joga na areia do mar com uma fina camada de água sobre), e inclusive surf.

É justamente com o surf, que acredito ser o mais popular destes esportes que pretendo fazer uma comparação. O surf é mágico. O momento supremo de dropar uma onda e encaixar na parede, realizando as manobras e até entubando (nunca cheguei a este ponto, mas dizem que é indescritível), é adrenalina pura. É você, sua prancha e a onda. Nenhum motor e dependendo somente de sua habilidade em manter a prancha em velocidade ou em condições de retomá-la após uma batida ou outra manobra, que diga-se de passagem, evoluíram muito hoje. Floater e 360° não existiam em minha época.

Porém o suor até chegar a este momento mágico é muito grande. Atravessar uma rebentação e ficar remando para manter a prancha no pico (quando a maré estiver puxando muito) é trabalho pra burro. Trabalho e suor ou algumas vezes frio, pois ficar sentado na prancha esperando a série nem sempre é o melhor passa-tempo. Após os 10 minutos iniciais acaba a paciência de qualquer um.

Isto sem falar no crowd. Como em nosso litoral norte de Santa Catarina os points de surf não são tão comuns em quantidade (como por exemplo contrario em Floripa), já me ocorreu de ver uns 10 caras disputando uma mesma onda. Isto significa que você, iniciante, terá de ficar no seu cantinho, onda não rola a mesma onda com a parede perfeita (e portanto mágica), e terá de ser contentar com a espuma e caixotes. E tome caldo…

Quase ia esquecendo do localismo, tão típico neste esporte. Mesmo você surfando relativamente bem, dizer que vai chegar a um point novo e entrar surfando, disputando a onda com os locais (donos do point), rabeando e sendo rabeado, não é fácil. Já vi briga dentro da água e promessas de porrada na hora que se cruzassem fora dela.

Mas vamos ao que interessa. Aprender o windsurf não é fácil. Aliás, é muito mais difícil do que surfar e vai depender de muita determinação de quem estiver disposto a aprender. Mas no momento em que você souber planar, encaixado no trapézio e com os pés nas alças, é o mesmo momento mágico do drop no surf, porém do início ao fim do velejo. Isto falando apenas no slalom, imagine então o windsurf nas ondas (categoria wave).

Quero usar aqui as palavras de um texto anterior: “Mover-se com o vento, desviando através das ondas e deslizando pela água, o windsurfista realmente integra-se com a natureza tornando-se um só”. É adrenalina pura do início ao fim. Não existe o “puta trampo” para passar a rebentação e se manter posicionado. Não existe limite no esporte, pois você vai cada vez querer aprender mais e sentir ainda mais a adrenalina em suas veias. Saltar, dar o jibe planando, participar de uma regata, e até o ponto de velejar nas ondas são desafios que levam você sempre adiante.

A camaradagem que existe no Windsurf sinceramente nunca encontrei em outro esporte. Os velejadores se ajudam, se incentivam, ensinam e principalmente se cuidam. Eu tenho por hábito (e não sou o único), a estar de olho em cada um dos amigos que estão velejando comigo. Ao primeiro sinal de problemas, encostamos e ajudamos no que for necessário. E pessoas de fora ou iniciantes são bem vindos. Quanto mais velas tivermos na água, melhor. Torna mais bonito o espetáculo e motiva você a seguir em frente.

Velejar sozinho (o que por sinal não é muito aconselhável – segurança) não tem tanta graça. Me arrisco a dizer que se você tiver um companheiro na água, tranquilamente você agüenta o dobro do tempo velejando. Veja que se falarmos em 3 a 4 horas de velejo, é realmente bastante e seu corpo e mente, fora o cansaço, irão agradecer. Dê uma olhadinha em textos anteriores sobre os benefícios do Windsurf. Você sentirá na pele (e ossos, músculos, postura, bem estar, paz interior, etc…) o benefício do esporte.

A única desvantagem é o preço do material e suas conseqüências. O garotão surfista pode ir à praia de ônibus levando sua prancha no bagageiro ou embaixo do braço. O windsurfista precisa de um carro para levar seu material que é maior em tamanho, quantidade e mais caro para adquirir.

Mas fazer o que, nem tudo pode ser perfeito. Para isto existe o material usado, que pode ser adquirido com um preço muito vantajoso em relação ao novo. O carro cada um resolve como quiser. Porém uma ressalva, após o investimento inicial as atualizações tendem a não ser mais tão onerosas, e se você quiser revender seu equipamento usado, existe sempre um bom mercado para ele.

Se você que ainda não veleja se sentiu incentivado a tentar, não recomendo sair direto comprando o primeiro material que aparecer. A internet está cheia de ofertas, mas a compra de um material inadequado para o aprendizado pode levar a uma desistência ou dificuldade desnecessária ao aprendizado.

Em Santa Catarina temos 02 excelentes escolas em Floripa com o Torero na Ventuus e a Marcia na Windcenter. Além disto temos o Neves na Camboriú Wind e o João em Enseada que também são instrutores. Recomendo a cada um que quiser iniciar no esporte, inicialmente tomar algumas aulas para ver se existe a adaptação ao esporte e ao mesmo tempo iniciar seu aprendizado nos diferentes materiais e aplicações. Aí sim, procure um equipamento e venha se juntar a nós.

Abraço e Bons Ventos,

Carlos Jürgens

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