Monofilme x Novos compostos

 

A algum tempo atrás escrevi uma material sobre “windsurf – esporte invisível”. Isto deveu-se à substituição do antigo Dacron pelo monofilme, sendo que este material transparente dificultava demasiado a visualização do velejador dentro da água, quando comparado ao antigo material.

Os fabricantes de velas perceberam isto logo que o monofilme foi introduzido, e hoje existe uma infinidade de novos materiais, altamente coloridos e que atendem perfeitamente às especificações e exigências do esporte. E de quebra tornam o visual muito mais bonito e interessante.

 

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Porém, como bom curioso vem a duvida: O monofilme transparente possui o mesmo peso e espessura que o material colorido? E a resistência é a mesma, superior ou inferior?

Em pesquisa na internet, encontrei no fórum da Maui Sails uma resposta bastante completa e fundamentada ao assunto:

 

“Monofilme transparente é constituído de uma camada única de material em toda sua espessura. A espessura comumente utilizada no mercado é 125 microns e em algumas regiões da esteira da vela em torno dos 175 microns.

Filmes coloridos são laminados a partir de 2 ou em alguns casos até 3 camadas de filme. No caso do laminado branco, são 2 camadas de filme com cola e pigmento intercalados.

Certamente o conceito de manter a vela o mais leve possível é importante. Muitos produtos no mercado derivam sua elevada resistência, justamente em função da sobreposição de camadas, como é o caso de vidros à prova de balas ou de compósitos em sanduiches estruturais. Naturalmente nestes casos materiais complementares são acrescentados.

Em materiais coloridos, normalmente a espessura de cada camada gira em torno dos 50 microns mais a espessura da camada de adesivo. A espessura final normalmente gira em torno dos 125 microns, talvez um pouco mais. Perde-se um pouco em estabilidade e soma-se um pouco ao peso. Alem disto, a resistência a perfurações diminui pelo simples fato de as camadas de material (sem o adesivo) serem inferiores ao caso do monofilme em camada única. Entretanto estes dados não são relevantes a uma vela de alta performance, ainda mais se considerado o ganho na visualização.

 

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Agora algumas informações adicionais muito interessantes: O custo destes materiais coloridos é em torno do dobro do monofilme tradicional, em função dos adicionais (adesivo e pigmento) e também pelo maior tempo de processo (2 camadas laminadas e tempo de cura na união das partes). O tempo de entrega de um material laminado gira em torno de 120 dias.”

 

Fonte: http://www.mauisails.com/forum/viewtopic.php?id=1214

 

Apesar do texto acima, por si só e em minha opinião não ser convincente o suficiente para justificar uma possível volta ao monofilme (e sua transparência), gostaria ainda de apresentar algumas considerações adicionais.

Foi dito acima que no monofilme a resistência a perfurações é superior, porém este dado é claramente aplicado a perfurações em pequenas superfícies, tipo um gancho de trapézio, cotovelo, etc…

Se você pensar que a trama aplicada internamente, como reforço a diversos materiais utilizados na construção de velas modernas (Kevlar, Technora (X-Ply), Spectra, tri-lite, etc…), tem o objetivo claro de melhorar características técnicas dos mesmos, como elasticidade, resistência à tração, resistência aos vincos (rugas), resistência aos raios UV, etc….

 

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Veremos que as velas atuais, além de visualmente mais coloridas e bonitas, são também muito mais resistentes que as antigas em monofilme. Basta ver a reputação de marcas como Ezzy, North Sails, etc… que aplicam em abundancia estes materiais aos seus produtos.

Não confunda portanto resistencia a perfurações com resistência a tração (no caso do velejador cair de corpo inteiro sobre a vela).

 

Bons ventos a todos,

 

Carlos Jürgens

  

 

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