Ezzy BasicSail Design Theory – Parte 1
Não somos publicitários de qualquer marca ou fabricante. Nem é nossa intenção definir notas melhores ou piores para diferentes marcas de vela. A matéria a seguir, dividida em 3 partes é somente a tradução livre de uma matéria muito interessante que encontrei no site da Ezzy (www.ezzy.com), e que traz muitas informações e detalhes que podem ser aplicados para outras marcas de vela e conhecimento geral do velejador. Por sinal, partes que julguei serem meramente propaganda do fabricante e que não acrescentavam nada à materia, tomei a liberdade e eliminei.
Seja verão, inverno, dia ensolarado ou tormenta, quando pisamos em nossas pranchas e com a retranca nas mãos sentimos o vento enchendo nossas velas, começamos a nos movimentar. Automaticamente olhamos para a água, nossos olhos fixos na distancia procurando pelo melhor vento. Procuramos a melhor onda para saltar ou então pela água mais lisa para apenas deslizar sobre. Competimos com nossos amigos ou procuramos um ponto fixo no horizonte para guiar o velejo. Se ao invés disto tudo olharmos para nossa vela, veremos o tecido de nossas velas estufando e armando com o vento.
Isto pode ser tudo que queremos saber a respeito de vela: Está ali, é bonita, funciona e nos dá uma enorme sensação de liberdade. Porém fabricantes de velas de alta performance olham para outras coisas que ocorrem na vela:
1- Twist (Torção)
2- Outline (Contorno)
3- Profile (Perfil)
4- Rotational vs non-rotational (Rotacional ou não rotacional)
5- Camber inducers vs no camber inducers (Com ou sem camber)
6- Materials (Materiais)
7- Features (Características)
8- Quality (Qualidade)
A face frontal da vela é obviamente aerodicamente importante, mas não tão obvio é o que ocorre na parte posterior dela, na parte acima da retranca e na valuma da vela. O fabricante de velas sabe se esta parte é torcida ou não. Vejamos então o que este torcer significa.
Para entender melhor as explicações (fabricantes de vela possuem linguagem propria), veja e memorize as partes da vela na imagem postada abaixo da matéria em “Mais fotos”.
Olhando na linha da valuma, o observador pode ver uma linha reta do topo até o ilhoz de fixação da retranca, ou talvez uma linha convexa com um arco suave, ou então concava, ou ainda uma combinação delas. A quantidade de vela que se projeta para trás da linha reta do tope até o mencionado ilhoz (veja a imagem) é chamada zona de escape da valuma.
Quando a vela está estufada de vento, esta zona de escape pode “abrir” ou “torcer” em relação ao plano reto do perfil frontal da vela. Normalmente mais zona de escape significa mais “torcer”. A localização da área de escape no topo da valuma irá da mesma forma ditar quando o máximo torcimento irá ocorrer. Adicionando a esta lista de variaveis, um perfil devela flat (liso) torcerá mais que uma vela completamente perfilada.
Fabricantes de vela são fortes conhecedores do como suas velas torcem (ou abrem) em função destes dois fatores: Um bem projetado torcimento irá suavizar a pressão da vela (de-power) para fazê-la mais controlável nas rajadas e ventos fortes, e secundariamente, o torcimento pode prevenir o tope da vela de estolar (a vela não responde ao comando, obrigando o velejador a aplicar muita força até conseguir a resposta).
O ângulo do vento no topo da vela é diferente do atuante na base da mesma. Esta diferença vem de um gradiente do vento que existe e que tem como consequencia a força do vento ser menor próximo à suferfície da água e mais forte um pouco acima. Então, a base da vela sofre uma maior ação do vento aparente, originario da direção em que o windsurf está se deslocando. O topo da vela em contrapartida, está mais sujeito à direção do vento real. Se o topo da vela fosse montada sem o efeito torcido, o vento não ficaria laminar à superfície da vela e o fluxo de ar iria parar ou “estolar”, o que acarretaria em efeitos indesejáveis e nocivos ao completo funcionamento da vela. Em uma frase, uma vela que não torce é menos eficiente aerodinamicamente falando.
Considerando que o ângulo do vento se abre em direção ao topo, vem daí a explicação do porque o maximo torcimento ser localizado no topo da vela. Se o maximo torcimento estiver localizado abaixo do topo da vela, ou a vela irá estolar no topo, ou irá perder força em função do torcimento ser muito curto.
A sessão da vela que está torcida ainda irá ter o fluxo de ar laminar a ela, porém produzirá menos força aerodinamica de levantamento. Estolar significa o fluxo de ar não está mais preso (laminar) à superfície da vela e que parte da mesma não está mais produzindo força de levantamento (pra tirar a prancha da água e planar).
Continua em Ezzy Basic Sail Design Theory – Parte2…
Bons Ventos a todos,
Carlos Jürgens
Comentários