CABOS (CORDAS)
Talvez seja um item ao qual não é dada a devida importância.
Me meti recentemente numa bela enrascada. Velejava no mar e justamente naquele bordo percebi que havia ficado sozinho na água. Os demais provavelmente haviam parado para uma pausa.
Ocorre que sobre-velado saltei uma onda e aterrissei muito de bico. Caí e quando vi, a retranca havia soltado do mastro. Quando fui refixá-la (pensava que havia aberto a alavanca), percebi que o cabo havia se partido. Felizmente um pedaço ainda suficiente de cabo havia restado.
Quando fui tentar consertar, não consegui remover o pequeno pedaço com o nó de seu encaixe. Seria necessário alguma ferramenta ou objeto rígido e duro para empurrar o pedaço com o nó pra fora. E eu não tinha nada que pudesse fazer a função.
E então, que fazer? A aprox. 2Km da praia, sozinho, vento SE bombando na faixa dos 17 nós e sem chance de consertar o conjunto como se deve. Não havia outro cabo para fazer alguma amarração diferente. Então, antes de pensar em trocar de lugar cabos da vela (por exemplo o pedaço restante pelo de caçar a vela na retranca), tive a ideia de fixar a retranca utilizando apenas o aperto por um dos lados.
Funcionou. Precariamente, mas o suficiente para me levar são e salvo de volta à praia. Substituí o cabo por um novo e retornei ao velejo.
Qual o ensinamento que se retira desta experiência? Assim como nos tendões do pé-de-mastro (matéria recente) e demais pontos de manutenção do windsurf, deve-se estar sempre atento aos diversos cabos do conjunto. Cabos puídos e esfolados (normalmente ocorre nos pontos de fricção e fixação no clamp) devem ser substituídos.
Material muito tempo parado pode ter os cabos apodrecidos. ATENÇÃO com compra de equipamentos parados a séculos em garagens de amigos!
Pesquisei um pouco e num site de fabricante nacional de cordas, pode-se perceber claramente as diferenças existentes nos diversos cabos disponíveis no mercado.
O material de fabricação (polietileno, Polipropileno, nylon, poliéster, kevlar, UHMW+PE, Technora, Spectra, Vectran, etc…), além do sistema de construção – trançado, torcido, sem ou com alma, tipo de alma (cabo linear, trançada, etc…) podem determinar resistência a tração com enormes diferenças, chegando a mais de 5 vezes a capacidade de carga de um cabo normal tipo pescador (deste comumente vendido em agropecuárias) até um legítimo cabo náutico pré-estirado.
A bitola correta dos cabos utilizados em windsurf é 5/32” ou 4mm. Utilizar sempre cabos náuticos que devem possuir como qualidades desejáveis, resistência ao apodrecimento, resistência à tração, flexibilidade, baixo alongamento e resistência à abrasão. A Chinook oferece um bom produto no mercado (acredito que seja nylon), trançado azul e preto e que funciona muito bem.
Existem no mercado cabos náuticos brancos, cuja alma provavelmente seja em kevlar ou outro material de grande resistência (Dyneema). São cabos próprios para utilização em velas de Fórmula (maior tamanho e forças envolvidas) e estes é desnecessário dizer que são os melhores disponíveis. Extremamente maleáveis e resistentes. O único inconveniente é que não se consegue queimar a extremidade para evitar o desfiamento. Uma solução é fazer tipo uma ponta de cadarço colada com adesivo epóxi (Araldite ou similar).
ATENÇÃO: Sua vida e segurança valem mais que R$ 50,00 economizados na compra de um bom cabo náutico. Não utilize em seu windsurf os cabos normalmente vendidos em agropecuárias. Segurança em primeiro lugar.
Observe a foto e perceba a diferença na alma dos cabos acima. O cabo preto com alma trançada é do tipo náutico e alta resistência. O vermelho é o comumente encontrado em agropecuárias e possui a alma com trama linear e baixa resistência.
Bons ventos a todos,
Carlos Jürgens
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