Vento Aparente

 

Qual a diferença entre vento real e vento aparente? Esta diferença realmente importa?

 

Um dos conceitos mais estranhos que velejadores iniciantes normalmente se enrolam para entender é o fenomeno do vento aparente.

O que é vento aparente? Não, não é quando voce olha para fora (de onde estiver), vê os galhos e folhas balançando e diz: “Aparentemente está ventando…”.

Definindo de forma livre, vento aparente é o que sentimos e experimentamos quando estamos em movimento. É uma combinação do vento atual (vento real) que sopra acima da superficie do solo e/ou água, e o vento criado pelo seu movimento à frente.

Um exemplo muito simples é o de voce pedalando uma bicicleta. O vento que você sente em seu rosto é vento aparente. Mesmo que exista vento soprando por trás (vento real), ainda assim voce sente o vento frontal (vento aparente). Agora caso aumente a velocidade do vento que sopra por trás e for mantida a velocidade de sua bicicleta, irá diminuir a sensação de vento frontal batendo em sua face. Isto ocorre porque vento aparente é uma combinação de vento real e o vento criado pelo movimento à frente.

O detalhe importante a ser observado aqui, é que aumentando a velocidade à frente, o vento aparente não apenas aumenta igualmente em velocidade, mas também altera o ângulo do vento.

Num barco, isto pode facilmente ser demonstrado e sentido, velejando inicialmente em orça (contra o vento) e em seguida arribando (a favor do vento). No velejo de orça, você sentirá o vento em sua face, o barco aumentando a velocidade, e voce até mesmo sentirá vontade de vestir um agasalho. Em seguida vire e coloque o barco arribado a favor do vento. A impressão é de que você está velejando em outra condição atmosférica. De repente a brisa fresca se foi, o barco aparenta estar mais lento e você fica com vontade de retirar seu agasalho recém posto.

Em função desta relação entre vento real e aparente, e suas velocidade e angulo, é que se chega a conclusões tipo velocidade relativa e soma de vetores. E estas justamente são definições de difícil compreensão à grande maioria de nós. Mas esqueçamos a matemática avançada. Para isto existem instrumentos digitais (no caso de veleiros pode ser – pro windsurf é na garra mesmo).

Os pontos mais importantes para entender são que quando velejando qualquer curso que não seja diretamente downwind (a favor do vento), o vento aparente sempre vem de uma direção mais é sua frente que o vento real, e que num través perfeito (90º com o vento) e vela bem fechada, o vento aparente será mais forte (maior velocidade) que o vento real.

 

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O diagrama de vetores na imagem acima demonstra a relação entre vento real, o vento (velocidade) pelo deslocamento à frente e o vento aparente.

Então, o que isto realmente representa para o velejo? O vento que sentimos em nossas faces é exatamente o mesmo vento que incide nas velas. Então, na realidade velejamos o vento aparente e não o vento real. E mais, podemos tomar vantagem deste vento aparente para velejar mais rapido.

Em veleiros lentos e pesados, a diferença entre vento real e aparente é bastante reduzida. Mas em embarcações leves e rapidas (pense neste momento no windsurf), a coisa muda radicalmente. Voce poderá ouvir historias de velejadores que dizem fazer seu proprio vento. O que eles na realidade querem dizer é que algumas embarcações podem se deslocar mais rápido que o próprio vento real. Lembre-se: Quanto mais rápido você for, mais forte sera o vento aparente, quanto mais rapido o barco (ou windsurf) se deslocar, mais vento irá receber e novamente mais rapido irá se deslocar. Esta é tambem a razão pela qual velejar totalmente arribado a favor do vento, é tipicamente mais lento que o través.

Iceboats (veleiros com esquis), que possuem uma resistência muito pequena entre o esqui e o gelo, são muito eficientes em gerarem seu proprio vento, e com bastante frequencia são capazes de se deslocar de duas a quatro vezes mais velozes que o próprio vento real.

Esta auto-perpetuação da velocidade poderia levar voce a pensar que alguns barcos seriam capazes de romper as leis da física ao se tornarem maquinas de movimento perpétuo, e neste momento nos fazemos a pergunta: “Onde isto vai terminar?”

Retornemos ao exemplo do iceboat. Quando ele acelera, também o vento aparente aumenta de intensidade e muda o angulo se deslocando para a frente. Neste momento o velejador caça mais a vela para este novo ângulo e ganha ainda mais velocidade, em consequência aumentando o vento aparente e levando o mesmo ainda mais à frente. Em pouco tempo o velejador não terá mais como caçar sua vela e estará velejando o mais próximo do vento aparente quanto possível. Caso o vento aparente se desloque para a frente por alguma razão (buraco de vento real ou mudança de direção deste, etc…), a embarcação irá acabar entrando numa zona de não-velejo, com o vento simplesmente passando por ambos lados da vela, fazendo esta panejar e o barco em consequência irá perder velocidade.

Então, existe um limite em o quanto rapidamente um barco pode se deslocar em relação ao vento.

 

A matéria acima foi extraída de http://www.sailingmagazine.net/how-to/technique/936-understanding-apparent-wind.html e tudo descrito aqui se aplica diretamente ao windsurf.

 

Se você for do tipo curioso e quiser entender um pouco mais, sugiro o link a seguir: http://www.youtube.com/watch?v=8xo0ySZ98oc.

 

Bons Ventos (reais e aparentes) a todos,

 

Carlos Jürgens

 

 

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