No informativo Boardseeker (www.boardseekermag.com/), que alguns recebem por email de tempos em tempos, encontrei uma reportagem bastante interessante baseada em testes realizados pela equipe do editor Adrian Jones.
Com a grande oferta de produtos e diferentes especificações de cada fabricante, fica complicado saber fazer a escolha correta na compra do mastro novo para sua vela. Qual o melhor diâmetro de mastro SDM (normal) ou RDM (reduzido ou skinny)? Qual o mais adequado percentual de carbono, alto ou baixo?
Usar velas e mastros de mesma marca e exatamente conforme a recomendação do fabricante, tornam em teoria as coisas mais fáceis, mas ainda assim existe a duvida quanto ao percentual de carbono, diâmetro (SDM ou RDM) e comprimento do mastro. Isto sem falar no alcance de seu bolso. Caso você misture as marcas e fabricantes como eu, a situação piora ainda mais.
O percentual de carbono, com variações de 30 a 100%, diz respeito diretamente à rigidez, capacidade de reação/resposta do rig e peso do conjunto. Mas o custo também varia muito.
O diâmetro do mastro vem também como um importante fator de escolha. Originalmente os mastros RDM foram criados para aumentar a vida útil dos mastros na categoria Wave. Porém, conseguir as curvaturas adequadas nestes mastros no início não foi fácil. Atualmente sim, melhoraram muito em termos de capacidade de curvatura quase se igualando aos mastros SDM. Hoje os fabricantes já dominam esta técnica, ao ponto de estarem projetando suas velas de Wave justamente sobre as características de seus mastros, sendo que mastro SDM em vela de Wave é opcional. Já se vêem inclusive velas Freeride que recomendam este tipo de mastro (RDM) e a tendência é de se popularizarem cada vez mais.
Para a realização do teste, optaram por utilizar velas e pranchas idênticas e uma seleção de 06 mastros: 03 RDM e 03 SDM com diferentes percentuais de carbono (30% – X3, 50% – X6 e 100% – X9). Todo o material testado foi da marca Neilpryde.
Mastros RDM são seguramente mais fáceis de “fazer funcionar” em velas pequenas. 5.3 é reconhecido como o ponto de transição e acima desta medida os mastros SDM funcionam muito bem, com vantagens de performance sobre os RDM. Por esta razão optaram por velas 5.4 Neilpryde Atlas para os testes.
Com preços variando de 200 libras para o X3 SDM (30%) até 500 libras para o X9 SDM (100%), foi bastante interessante verificar quanto de diferença real existe entre estes mastros para justificar a diferença de preços.
Comecemos com os resultados entre SDM e RDM. De forma geral ainda resulta os mastros SDM com uma melhor performance em geral que os RDM. Eles concentram o Power da vela muito mais à frente, com mais firmeza, uma sensação de mais resposta e com um pouco mais de flexibilidade de ajuste. Os mastros RDM normalmente mantém o Power da vela mais recuado e fazem você sentir a vela mais leve, flexível e um pouco mais bufante em suas mãos. A exceção a este ponto são os mastros com altos teores de carbono, onde os SDM, na opinião dos testadores, deram uma sensação de muita rigidez (em confronto com as características da vela) e os RDM com extra flexibilidade deram uma mais suave e simplificada performance. Se seu fator de escolha for relacionado à resistência extra dos RDM e à tendência de mercado a este produto, é bastante difícil fazê-lo mudar de idéia contra eles, especialmente se você puder arcar com o custo das versões 100% de carbono.
O resultado quanto ao teor de carbono já se aproxima mais do que todos sabemos, quanto mais, melhor. Mastros com altos teores de carbono darão sempre a sensação de leveza em suas mãos (especialmente em manobras) e dão à vela um range de ventos maior, firmeza e mais resposta na performance no limite inferior e mais facilidade e manuseio estável no limite superior.
Então, vale a pena pagar esta expressiva diferença entre os percentuais de carbono? Para ser honesto, a diferença em performance pode ser notada, mas não é determinante. O range de ventos da vela aumenta em 3-4 nós entre os percentuais altos ou baixos de carbono e existe uma diferença grande no peso (principalmente na parte inferior da vela concentrado próximo ao mastro). Claramente todos preferem 100% carbono e não há dúvida de que a vela funciona melhor com eles. Mas o dobro do preço de compra não traz o dobro da melhora na performance.
Portanto, novamente a decisão em comprar mastros em alto teor de carbono cabe somente a você e sua condição financeira. Todos os resultados deste teste foram baseados em material Neilpryde e vela 5.4, sendo que a utilização de materiais de outro fabricante e modelos poderá trazer diferentes resultados.
Em nosso caso específico (Windville), onde as velas 6.5 para mais são utilizadas em 90% dos velejos e normalmente com cambers, não tenho duvidas em afirmar que o SDM é a melhor escolha em se tratando de diâmetro de mastro. Quanto ao percentual de carbono, vai depender de seu bolso e também de um outro detalhe não mencionado no teste, seu nível de velejo.
Para iniciantes, onde as quedas e catapultas são uma realidade, costumo recomendar aos meus amigos (e um dia tambem me recomendaram), mastros com baixos teores de carbono, muito mais baratos e que não quebram com tanta facilidade se deixados ao sol com a vela montada. Conforme sua técnica for melhorando e iniciando as manobras, este sim é o ponto de optar por um material melhor, e neste momento não me refiro somente a mastro, mas também a todos os demais materiais de seu rig.
Outra coisa é que o mastro melhor não precisa necessariamente ser um 100%. Tenho um 4,60 – X6 da Neilpryde com 80% de carbono que utilizo já a quase 4 anos, extremamente leve e resistente (o pessoal do grupo sabe quanta catapulta já tomei). O preço foi muito bom na época e se tivesse comprado um 100%, não sei se ainda estaria inteiro.
Espero que a matéria tenha esclarecido algumas duvidas.
Abraço a todos e Bons Ventos,
Carlos Jürgens
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